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8.2.1 Tratamento de superfícies utilizando pulverizadores
Os produtos para a pulverização utilizados no combate das pragas de armazenagem. são preparados tomando como base as formulações EC e WP (veja-se secção 8.1.3). Estes produtos são utilizados para o tratamento de superfícies tanto dos lugares de armazenagem. como das pilhas de sacos. Eles também podem ser utilizados para pulverizar o produto que vai ser armazenado durante a passagem sobre as cintas transportadoras até os silos.
8.2.1.1 Pulverizadores
Dependendo da altura e do tamanho da área que deve ser tratada, utilizam-se pulverizadores de levar às costas de funcionamento manual ou com motor, ou pulverizadores móveis motorizados com uma capacidade de 10 e 100 litros. Estes últimos podem ser recomendados especialmente para o tratamento da área dos telhados nos armazéns de grande capacidade. Mostram-se a seguir os modelos mais comuns de pulverizadores:
As instruções de serviço devem ser observadas com cuidado ao usar os pulverizadores para evitar tratamentos incorrectos, danos da saúde ou do aparelho. É absolutamente necessário cuidar os pulverizadores, efectuar os trabalhos de manutenção correspondentes e limpar os mesmos com atenção depois do uso.
8.2.1.2 Preparacão do líquido de pulverização
O líquido de pulverização deveria ser preparado sempre num balde e não directamente no pulverizador. Isto garante uma boa mistura do líquido.
Para a preparação das formulações EC, deve-se pôr primeiramente a quantidade de água requerida num balde (1), ajuntar a quantidade calculada de insecticida com um copo graduado (2) e revolver com cuidado a mistura servindo-se de um bastão (3). A mistura deveria ser enchida então no pulverizador passando pelo filtro que se encontra no recipiente para o insecticida (4) para evitar o entupimento do bico com impurezas. Os líquidos EC de puiverização são misturas estáveis (emulsões) que não se separam, mesmo depois de um longo período de repouso.
Para a preparação das formulações WP, deve-se pesar a quantidade necessária, misturar a mesma com um pouco de água até obter uma pasta consistente e diluir depois, ajuntando devagar a água restante. As misturas WP são suspensões instáveis e devem ser continuamente revolvidas durante a aplicação para evitar que o pó se deposite no fundo do recipiente de pulverização.
8.2.1.3 Aplicação da mistura de pulverização
O tratamento deveria começar logo depois de estar pronta a mistura. No caso de ficar um resto de líquido no pulverizador durante um tempo, deveria-se revolver o mesmo antes de voltar a ser aplicado.
É importante que a quantidade calculada e preparada para a área que deve ser tratada (veja-se secção 8.3.2.1) seja repartida uniformemente. Isto requer uma determinada experiência da parte do utilizador. No caso de sobrar ou de faltar líquido durante o tratamento de uma área determinada, devera-se proceder mais rapida ou lentamente na próxima vez.
Ao efectuar um tratamento de superfícies, e importante proceder sistematicamente. Nas paredes pode-se alcançar uma distribuição uniforme pulverizando da forma indicada nas ilustrações seguintes:
Para isto, é recomendável escolher determinados pontos de orientação, p.ex. ranhuras, vigas ou manchas, para evitar de esquecer alguns lugares ou as repetições de pulverização no mesmo lugar. A distancia com respeito ao muro deve ser escolhida de tal maneira que a pulverização cobra a superfície do mesmo com gotinhas do tamanho menor possível. Isto significa na prática que é necessário estar mais perto do muro ao tratar as partes superiores e de se afastar para tratar as de mais abaixo:
Ao estar parado muito longe do muro, a pulverização do insecticida só alcança parcialmente a superfície do mesmo. Ao estar parado muito perto, uma grande quantidade do insecticida fica concentrado numa área pequena, o que tem como resultado que o líquido corra para baixo. Ambos erros devem ser absolutamente evitados.
No caso de não possuir um pulverizador de alta pressão, o melhor método de tratar o tecto é o de subir sobre as pilhas de sacos.
Para tratar as pilhas de sacos, deve-se tratar primeiramente a superfície superior, continuando pelos lados. Deve-se cuidar especialmente dos espaços entre os sacos para evitar que fiquem lugares que não tenham sido tratados.
Também deve ser pulverizada a superfície debaixo das paletas, em função do alcance do pulverizador utilizado.
O chão do armazém é tratado por último, começando pelo fundo e terminando pelas portas.
Restos eventuais de líquidos podem ser utilizados para pulverizar lugares particularmente ameaçados como cantos, ranhuras ou paletas vazias aonde os insectos podem esconder facilmente.
Depois do tratamento, deve-se enxaguar o pulverizador imediatamente com água limpa. Deve-se cuidar especialmente a limpeza do bico.
8.2.2 Nebulização
As nebulizações são efectuadas com as formulações FOG (HN), as quais já vêm prontas para o uso, ou com as formulações EC (resistentes ao calor) misturadas com carburante Diesel. Aplicam-se as mesmas utilizando um enevoador a quente. Este método é especialmente adequado para combater as pragas de insectos voadores, particularmente as traças.
As formulações FOG não penetram dentro do produto armazenado. Por isso, as nebulizações não são eficientes para combater as infestações de coleópteros ou larvas.
É aconselhável repetir uma nebulização depois de aproximadamente duas semanas para alcançar também as traças que eventualmente se desenvolveram entretanto. Deve-se examinar primeiramente a necessidade de um tal procedimento.
O requerimento básico para obter uma nebulização eficaz, é que a matéria activa possa actuar durante pelo menos 12 horas. Isto significa que o armazém deve ser fechado hermeticamente. No caso que a névoa possa escapar por meio de furos, ranhuras, aberturas de arejamento, portas, etc., o tratamento não pode ser muito eficaz.
A aplicação é simples. A formulação FOG deve ser enchida no recipiente para o insecticida do enevoador. Coloca-se depois o aparelho na entrada da porta entreaberta e começa-se com o procedimento.
Antes de começar com o tratamento, devem-se apagar as luzes acesas no armazém para evitar eventuais explosões. Cuidar que o aparelho de nebulização não esteja demasiado perto da pilha de sacos para evitar uma possível ignição. Ao terminar a nebulização, deve-se retirar o aparelho e fechar bem a porta. Não esquecer de colocar placas de advertência!
Em lugares de armazenagem muito grandes, recomenda-se entrar com o enevoador, ligar o mesmo e retroceder em direcção a porta afastando-se da névoa. Não esquecer de utilizar uma máscara!
Recomenda-se nebulizar durante o fim de semana, aproveitando que ninguém trabalha. Depois do tratamento, ventilar bem o armazém durante várias horas antes de entrar.
Também podem ser utilizados cartuchos fumigatórios no caso de não dispor de um aparelho de nebulização a quente.
8.3 Cálculo da dosagem de insecticidas
O cálculo da quantidade de insecticida a ser utilizado deve ser efectuado com muita atenção devido a que:
- uma dosagem insuficiente significa:
· falta de protecção eficiente
· perda de dinheiro
· apoio ao desenvolvimento de resistências
- uma dosagem excessiva significa:
· perigo para o utilizador e os consumidores
· utilização não rentável
Só uma dosagem correcta garante o sucesso no combate das pragas reduzindo todos os demais riscos a um mínimo (veja-se secções 8.1.5 e 8.1.6). Os detalhes enquanto às doses de aplicação recomendadas e ao conteúdo de matéria activa no produto, são indicados na etiqueta da embalagem do insecticida.
O produto armazenado que vai ser tratado directamente deve ser pesado.
As áreas das superfícies que vão ser tratadas devem ser medidas e calculadas.
Para organizações de vários armazéns, recomenda-se introduzir a utilização de pilhas de sacos com tamanhos estandardizados e a publicação de instruções técnicas para os tratamentos. Estas devem incluir os detalhes seguintes no referente à elaboração de misturas para a pulverização:
· Quantidade de água por pilha estandardizada (em litros)
· Especificações e quantidade do insecticida por pilha estandardizada (em ml para formulações EC e g para formulações WP)
Isto simplifica a aplicação dos tratamentos e evita erros de dosagem.
8.3.1 Cálculo da dosagem das formulações de pós para tratamentos de superfície
Doses de aplicação recomendadas em g/m²
(= g de produto comercial/m² de superfície)
Dados necessários para o cálculo:
· área da superfície que vai ser tratada (em m²)
· dose de aplicação recomendada de insecticida (em g/m²)
A área de superfície calculada que deve ser tratada (em m²) é multiplicada pela dose de aplicação recomendada do insecticida.
Exemplo: Uma pilha de sacos tem uma área de superfície de 120 m²). Deve ser tratada com uma formulação para a pulverização de 5 %. A dose de aplicação recomendada é de 10 g/m2. Precisam-se então
10 g/m2 x 120 m²) = 1 200 g
da formulação ao 5% para tratar a pilha.
8.3.2 Cálculo da dosagem das formulações EC e WP para tratamentos de superfície
Deve-se responder a duas perguntas antes de poder calcular a dosagem das formulações EC e WP:
1. Quanta mistura de puverização é necessária para a área da superfície que deve ser tratada?
2. Quanto insecticida é necessário para obter a quantidade correcta de mistura de pulverização?
8.3.2.1 Quantidade de mistura necessária para o tratamento de superfícies
Dados necessários para o cálculo:
· área da superfície que vai ser tratada (em m²)
· dose de aplicação recomendada de mistura de pulverização (em 1/100 m²)
Princípio geral:
Quanto mais lisa a superfície, menos mistura é necessária.
As quantidades seguintes são recomendadas para os tratamentos de superfícies de:
muros lisos: | 3 - 51/100 m² |
muros rugosos: | 6 - 8 1/100 m² |
sacos de juta: | 8 - 101/100 m² |
sacos de plástico: | 3 - 51/100 m² |
Para calcular a quantidade necessária de mistura de pulverização, multiplica-se a dose de aplicação recomendada pela área da superfície efectiva que vai ser tratada.
Exemplo: Uma pilha de sacos de juta tem uma superfície de 160 m². A dose de aplicação recomendada é de 81/100 m². Precisam-se
8 l/100 m² x 160 m² = 12.8 l
de mistura de pulverização para tratar a pilha.
8.3.2.2 Cálculo da quantidade de insecticida necessária para uma mistura de pulverização
- Dose de aplicação recomendada em ml/l (EC) ou g/l (WP)
(= ml ou g do produto comercial/l de mistura de pulverização)
Dados necessários para o cálculo:
· quantidade de mistura de pulverização (em 1)
· dose de aplicação recomendada de insecticida (em ml/l para formulações EC ou g/l para formulações WP)
A dose de aplicação recomendada de insecticida é multiplicada pela quantidade de mistura de pulverização calculada.
Exemplo: 12.81 de mistura de pulverização são necessários para tratar uma pilha de sacos
a) A pilha deve ser tratada com uma formulação EC com 50% de matéria activa. A dose de aplicação recomendada é de 20 ml/l.. Precisam-se
20 ml/l x 12.8l = 256 ml
da formaulação EC para a pulverização.
b) A pilha deve ser tratada com uma formulação WP com 40% de matéria activa. A dose de aplicação recomendada é de 30 g/l. Precisam-se
30 g/l x 12.8 = 384g
de formulação WP para a pulverização.
- Dose de aplicação recomendada de insecticida em %
(= % de matéria activa na mistura de pulverização)
Dados necessários para o cálculo:
· Quantidade necessária de mistura de pulverização (em l)
· Conteúdo de matéria activa no insecticida (em %)
· Dose a aplicação recomendada de insecticida (em %)
Neste caso, a quantidade de insecticida necessária pode ser deduzida do quadro de percentagens, em função da concentração de matéria activa no produto comercial e da dose de matéria activa recomendada na mistura de pulverização. As quantidades de insecticida alistadas figuram no quadro em ml/l para formulações EC e em g/l para formulações de misturas WP. O cálculo da dosagem é efectuado em quatro etapas com o quadro de percentagens:
1. A linha superior indica diferentes doses de aplicação em %. Procure a coluna correcta para a quantidade a aplicar!
2. A coluna da esquerda mostra diferentes concentrações de matéria activa nos insecticidas em %.
Procure a linha correcta para a concentração de matéria activa indicada na etiqueta do insecticida utilizado!
3. Procure agora o ponto de intersecção da lina e da coluna escolhidas! A cifra indicada lá corresponde à quantidade de formulação EC ou WP em ml ou g necessária para 1 litro de mistura de pulverização.
4. Calcule a quantidade de insecticida necessária para preparar a quantidade efectiva de mistura requerida!
Exemplo:
Necessitam-se 12.8 litros de mistura de pulverização.
Deseja-se utilizar um insecticida 50 EC (concentração de
matéria activa = 50%).
A dose de aplicação recomendada éde 0.25% (concentração de
matéria activa na mistura de pulverização).
O ponto de intersecção da linha dos 50% e da coluna dos 0.25%, indica a quantidade necessária para 1 litro de mistura de pulverização:
Precisam-se 5 ml da formulação EC 50.
5 ml/l x 12.8 l = 64 ml
de insecticida são necessários para 12.8 litros de mistura de pulverização.
O aumento do volume da mistura de pulverização que resulta da adição do insecticida à água, não merece atenção nenhuma. Os cálculos das formulações WP são efectuados da mesma maneira que os das formulações EC.
Quadro para o cálculo da quantidade de insecticida necessária para 1 litro de mistura para a pulverização
Concentração
de matéria activa no produto comercial |
Dose de aplicação recomendada (% de m.a. na mistura para a pulverização) |
||||||||||
0.05% | 01% | 02% | 0.25% | 0.3% | 0.4% | 0.5% | 0.6% | 0.8% | 1.0% | 2.0% | |
Quantidade necessária do produto comercial (ml de EC ou g de WP) para 1 l de mistura |
|||||||||||
1 % | 50 | 100 | 200 | 250 | 300 | 400 | 500 | 600 | 800 | 1000 | 2000 |
2% | 25 | 50 | 100 | 125 | 150 | 200 | 250 | 300 | 400 | 500 | 1000 |
2.5% | 20 | 40 | 80 | 100 | 120 | 160 | 200 | 240 | 320 | 400 | 800 |
3% | 17 | 33 | 67 | 83 | 100 | 133 | 167 | 200 | 267 | 333 | 667 |
5% | 10 | 20 | 40 | 50 | 60 | 80 | 100 | 120 | 160 | 200 | 400 |
7% | 7 | 14 | 28 | 36 | 43 | 57 | 71 | 86 | 114 | 143 | 286 |
10% | 5 | 10 | 20 | 25 | 30 | 40 | 50 | 60 | 80 | 100 | 200 |
20% | 2.5 | 5 | 10 | 12.5 | 15 | 20 | 25 | 30 | 40 | 50 | 100 |
25% | 2 | 4 | 8 | 10 | 12 | 16 | 20 | 24 | 32 | 40 | 80 |
35/36% | 1.4 | 2.8 | 5.6 | 6.9 | 8.3 | 11 | 14 | 17 | 22 | 28 | 56 |
40% | 1.3 | 2.5 | 5 | 6.3 | 7.5 | 10 | 12.5 | 15 | 20 | 25 | 50 |
50% | 1 | 2 | 4 | 5 | 6 | 8 | 10 | 12 | 16 | 20 | 40 |
60% | 0.8 | 1.7 | 3.3 | 4.2 | 5 | 6.7 | 8.3 | 10 | 13 | 17 | 33 |
75% | 0.7 | 1.3 | 2.7 | 3.3 | 4 | 5.3 | 6.7 | 8 | 11 | 13 | 27 |
80% | 0.6 | 1.3 | 2.5 | 3.1 | 3.8 | 5 | 6.3 | 7.5 | 10 | 12.5 | 25 |
90% | 0.6 | 1.1 | 2.2 | 2.8 | 3.3 | 4.4 | 5.6 | 6.7 | 9 | 11 | 22 |
100% | 0.5 | 1 | 2 | 2.5 | 3 | 4 | 5 | 6 | 8 | 10 | 20 |
Exemplo:
a) Para o tratamento de urna pilha, sa$o necessários 12 l de
mistura para a pulverização.
b) O insecticida disponível e uma formulação EC com 50% de
m.a.
c) A dose de aplicação recomendada é de 0.5%.
d) Quanta quantidade de formulação EC é necessária para o
tratamento?
e) Encontre o ponto de intersecção entre a linha dos 50% e a
coluna dos 0.5%!
f) Calcule a quantidade de EC necessária para 12 l:
10 ml x 12 = 120 ml
g) Deve-se misturar uma quantidade de 120 ml de formulação EC
com 121 de água.
8.3.3 Cálculo da dosagem dos produtos de nebulização
A dosagem de um concentrado de nebulização depende do volume do espaço vazio no armazém. Por isso, é necessário determinar primeiramente o volume total do armazém e deduzir deste o volume das pilhas.
As doses de aplicação recomendadas das formulações de nebulização prontas para o uso vêm indicadas geralmente em ml/100 m³ de volume.
Exemplo: Um armazém com um comprimento de 40 m, uma largura de 15 m e uma altura de 8 m contem 10 pilhas de sacos do mesmo tamanho, ou seja 5 m x 5 m x 4 m.
Deve-se combater uma infestação de traças com diclorvos, uma formulação para a nebulização pronta para o uso.
A dose de aplicação recomendada é de 100 ml/100 m³.
Cálculo do volume do espaço vazio no armazém:
Armazém: | 40 m x 15 m x 8 m = | 4 800 m³ |
Pilhas: | 5 m x 5 m x 4 m= 100 m³ x 10= | 1 000 m³ |
Espaço vazio: | 4 800 m³ - 1000 m³ = | 3 800 m³ |
Precisam-se
100 ml/100 m³ x 3 800 m³ =3 800 ml = 3.8 l
da formulação de nebulização.
Os insecticidas constituem um perigo mais ou menos grande para o ser humano e para os outros organismos vivos. Para minimizar o risco de danos, devem ser tomadas e seguidas estritamente determinadas medidas de precaução durante a manipulação com insecticidas. Mesmo inobservâncias aparentemente sem importância das normas de segurança, podem ter consequências sérias, muitas das quais não são visíveis imediatamente.
8.4.1 Armazenagem dos insecticidas
Ao armazenar insecticidas, é imprescindível:
- excluir qualquer perigo para o ser humano, os animais ou para o ambiente
- que os insecticidas conservem a sua efectividade o mais tempo possível
Por isso, devem ser observadas as regras seguintes:
- Conserve os insecticidas fechados a chave para evitar o acesso aos mesmos às pessoas não autorizadas! Um armário para a conservação de venenos instalado num quarto bem arejado é suficiente para guardar quantidades pequenas, um armazém de pesticidas será necessário para quantidades maiores.
- Armazene os insecticidas longe dos outros produtos, nunca em oficinas ou outros quartos aonde as pessoas passam tempo dentro!
- Armazene os insecticidas só na embalagem origina] para evitar urna eventual confusão! Não encher nunca insecticidas em garrafas vazias ou em latas!
- Armazene insecticidas em lugares frescos, secos e sombreados!
- Compre só as quantidades que pretende utilizar num período de armazenagem determinado. Sobretudo os pós para a polvilhação degradam rapidamente no caso de condições climáticas tropicais, perdendo assim a sua eficiência. Adicionalmente, isto permite trocar de matéria activa regularmente e evitar o desenvolvimento de resistências.
- A regra 'o primeiro que entra, sai primeiro!' deve sempre ser aplicada para os insecticidas.
8.4.2 Manipulação dos insecticidas
Ao manipular com insecticidas, o mais importante e a protecção do utilizador. Devido à grande responsabilidade de uma tal tarefa, é muito importante que só pessoas suficientemente familiarizadas com as técnicas e com os eventuais perigos tratem com insecticidas. No caso de que pessoal menos instruido trate com insecticidas, devem ser dirigidos e controlados os trabalhos por um técnico devidamente qualificado.
Devem ser observadas as regras seguintes:
- Ler sempre a etiqueta e seguir as instruções do fabricante!
- Prestar atenção aos simbolos de perigo que figuram nas embalagens e respeitar os mesmos! Produtos altamente tóxicos têm o símbolo da caveira, os menos tóxicos têm uma cruz:
- Simbolos fáceis, sem palavras (pictogramas) foram elaborados para transmitir informações chaves enquanto à segurança para alcançar pessoas com diferentes níveis de instrução. Os significados desses simbolos são indicados na próxima página.
- Tomar todas as precauções necessárias para o caso de uma emergência: informar um medico local sobre os produtos químicos utilizados, cuidar de estar em condições de prestar primeiros auxílios e ter sempre àdisposição suficiente água, sabão e carvão activo!
- Verificar que o equipamento utilizado para a aplicação dos insecticidas esteja em boas condições (aparelho para polvilhar, pulverizadores, enevoadores)!
- Misturar os líquidos de puiverização ao ar livre, não dentro do armazém!
- Evitar qualquer contacto com os insecticidas!
- Não inalar os vapores de insecticidas!
- Não usar nunca as mãos para misturar os insecticidas! Utilizar sempre um bastão limpo!
Não utilizar nunca a boca para soprar dentro de um bico entupido!
- Vestir sempre roupa de protecção para misturar e aplicar insecticidas!
A roupa de protecção consiste em:
· Um fato-macaco (de algodão leve em regiões tropicais) ou calças e camisa de manga larga
· Um chapéu (preferentemente com aba)
· Um respirador ou uma viseira com um filtro fino de protecção contra o pó
· Luvas de borracha
· Botas de borracha ou sapatos sólidos de couro (não sandálias)
- Não beber, não comer, não fumar durante a manipulação com insecticidas!
- Não beber álcool, nem directamente antes, nem logo depois do tratamento com insecticidas, devido a que este acelera a passagem das substâncias tóxicas no corpo.
- Usar determinados baldes só para a preparação de insecticidas e nunca para outros propósitos, ainda quando tenham sido bem limpados!
- Não deitar fora nunca restos da mistura!
- Misturar só a quantidade de liquido necessária de acordo aos cálculos efectudos. Pequenos restos da mistura podem ser utilizados para lugares com grande risco de infestação ou para tratar paletas vazias dentro do armazém.
- Destruir todas as embalagens vazias dos insecticidas! Estas contêm restos de insecticida, ainda quando tenham sido bem limpadas.
O método mais seguro para eliminar as embalagens é a destruição das mesmas (achatar as latas, cortar os recipientes de plástico, romper as garrafas). Enterrar depois os restos num lugar longe de poços, aglomerações ou áreas cultivadas.
Não é aconselhável queimar os restos de embalagens, devido à emanação possível de gases tóxicos perigosos.
- Limpar bem todos os materiais utilizados e as máquinas! Enxaguar o equipamento de pulverização, baldes, copos graduados, etc., utilizando muita água.
- Lavar a roupa de protecção com suficiente sabão (ou sabão em pó) e água! Não lavar junto com outras roupas!
Cuidar que os poços ou outras fontes de água não sejam contaminadas com a água utilizada para lavar a roupa!
- Tomar um duche ou lavar bem todo o corpo depois de tratar com insecticidasl
- Mudar de roupa depois de tornar um duche ou se lavar!
- Se for necessário, colocar placas indicadoras de advertência (p.ex. depois de enevoar) e fechar os locais tratados para prevenir outras pessoas do perigo!
8.4.3 Envenenamento e primeiros auzílios
Ao utilizar correctamente os insecticidas, é bastante improvável que ocorram casos de envenenamento. A maioria dos acidentes ocorrem por inobservância das regras e recomendações correspondentes.
A contaminação com insecticida pode ocorrer:
- por ingestão (contaminação oral)
- por absorção pela pele (contaminação dermal)
- por inalação dos vapores de insecticidas (contaminação respiratória).
Além disso, insecticidas podem entrar directamente na circulação do sangue por feridas abertas.
Distingue-se entre dois tipos de intoxicação:
· Envenenamento agudo, quando os sintomas podem ser vistos logo depois de absorver ou de entrar em contacto com um insecticida.
· Envenenamento crónico, quando os sintomas só se voltam aparentes depois de um determinado tempo de contactos repetidos. O envenenamento crónico pode demorar anos até se declarar.
Dependendo do tipo de contaminação, do nível de toxicidade, da quantidade absorvida, da formulação do insecticida e da constituição da pessoa afectada, podem aparecer os sintomas seguintes de forma mais ou menos acentuada:
Envenenamento leve | Envenenamento moderado | Envenenamento grave |
Contaminação dermal: irritação, transpiração, dor de cabeça, náuseas, vertigem, cansaço, fraqueza | transpiração excessiva, pulso acelerado, cansaço, angústias, dificuldade na língua, confusão | convulsões, perda de consciência, perda do pulso, interrupção da respiração |
Contaminação dos olhos: irritação, lacrimação | visão difusa, pupilas dilatadas ou estreitas | |
Ingestão: diarreia, transpiração, perda do apetite, boca e garganta irritada | náuseas, convulsões estomacais, salivação extrema, vómitos, frémitos e convulsões musculares | convulsões, interrupção da respiração, perda do pulso, perda da consciência |
Inalação: tosse | dificuldade de respiração, dor no peito da consciência | interrupção da respiração, convulsões, perda do pulso, perda |
No caso de aparecer algum destes sintomas, mesmo de forma atenuada, devem-se prestar primeiros auxílios imediatamente e a pessoa em questão deve ser levada o mais rápido possível ao médico mais próximo. Um envenenamento agudo pode levar até à morte!
As medidas de primeiros auxílios devem ser respoitadas e efectuadas o mais rápido possível num caso de envenenamento:
Contacto com a pele:
- Retirar a roupa contaminada!
- Lavar a parte do corpo afectada com muita água e sabão!
- No caso de não haver água na proximidade imediata, esfregar o insecticida com um trapo e procurar água!
- No caso de que o insecticida tenha entrado nos olhos, enxaguar os mesmos durante 10 a 15 minutos abaixo de água corrente!
Inalação ou ingestão:
- Transportar a pessoa em questão num lugar sombreado, soltar a roupa eventualmente apertada ao corpo e colocar o doente numa posição confortável até que possa ser transportado ao médico!
- No caso que a pessoa tenha perdido a consciência, coloque ela de costado e cuide de que possa respirar livremente (limpar as vias respiratórias se for necessário)!
- Fazer vomitar a pessoa no caso da mesma não estar inconsciente (colocando seus dedos na garganta ou dando lhe água salgade de beber (1 colher de chá de sal num copo de água) para retirar possíveis substâncias tóxicas do estômago!
- Além de água e, se tiver à disposição carvão activo, não deve-se dar àpessoa afectada nada para comer ou beber, A água vai diluir as substâncias tóxicas ingeridas (importante no caso de substâncias cáusticas) e o carvão activado vai absorver a maioria das substâncias tóxicas.
Não oferecer nunca à pessoa afectada ovos, leite, álcool, etc.! Todos estes produtos aceleram a penetração das substâncias tóxicas no corpo.
- No caso de envenenamento evidente, mas também no caso de uma suspeita, deve ser consultado um médico, ainda quando os sintomas não são aparentes! Muitas vezes os sintomas só aparecem muitas horas depois da intoxicação e poderia-se perder tempo valioso para um eventual tratamento.
- Deve-se pensar também em levar a etiqueta ou a embalagem do produto para poder oferecer ao médico as informações necessárias!
O equipamento para o uso de insecticidas inclui:
- Equipamento de aplicação (aparelho para polvilhar, pulverizador, enevoador)
- Baldes
- Copos graduados (1 - 2 litros, 100 ml) - Balança de insecticidas
- Bastão para revolver
- Fita métrica
- Insecticida aprovado -Água limpa
- Roupa de protecção consistente de:
· fato-macaco de material leve
· chapéu
· respirador ou viseira com máscara de protecção contra o pó
· óculos de protecção
· luvas de borracha
· botas
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