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3. Perdas depois da colheita: causas, consequências e medidas preventivas

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3.1 Perdas quantitativas
3.2 Perdas qualitativas
3.3 Origem das perdas
3.4 Referências literárias

 

Podem ocorrer perdas depois da colheita nos estádios seguintes:

· durante a colheita
· durante o transporte
· durante a secagem
· durante a malhada
· durante a transformação
· durante a armazenagem

Este manual dedica-se principalmente as perdas quais não sempre se devem a humidade, ao calor e às pragas. Outros factores importantes são também:

· As condições nas quais se encontrava o produto antes de ser armazenado, ao igual que as condições de crescimento antes da colheita, infestação eventual por pragas ou fungos, ou danos ocasionados pelo calor durante o processo de secagem.

· Diferenças genéticas, p.ex. diferenças especificas típicas para determinadas espécies e variedades de grãos com respeito à tolerância contra pragas que ocorrem durante a armazenagem.

3.1 Perdas quantitativas

As perdas quantitativas dos produtos armazenados devem-se em parte ao derramamento grãos dos sacos, danificados, a roubos ou a pragas. Perdas de peso podem também resultar das modificações do teor em humidade no grão durante o período de armazenagem. Geralmente, é difícil determinar o alcance total das perdas devido às razões seguintes:

· Não existe nenhum método para calcular perdas que seja ao mesmo tempo simples, rápido, seguro e universalmente aplicável.

· Muitas vezes, sobretudo nas pequenas herdades, não se conhece a quantidade exacta da colheita. Por isso, é possível registar as perdas ulteriormente mas não é possível quantificar as mesmas.

· No caso de infestação com insectos, a perda de peso não corresponde de modo nenhum à diferença de peso constatada antes e depois da infestação. Ao pesar o produto, pesam-se também os insectos que ocasionam as pragas e os excrementos dos roedores - não podendo ser separadas todas as impurezas - o que leva a perdas efectivas mais elevadas do que as calculadas.

3.1.1 Estimação de perdas

O método mais simples para determinar possíveis perdas de armazenagem éo de uma contabilidade exacta das entradas e saidas, mesmo que os resultados obtidos com este método nem sempre sejam satisfactórios pelas razões supramencionadas.

Também é possível utilizar outros métodos para estimar as perdas, sendo que o método de contagem e pesagem é fácil de utilizar e prático para a estimação das perdas nos armazéns de pequenas herdades.

A determinação numérica e ponderável dos grãos danificados e dos não danificados efectuada mensalmente a partir de uma amostra de por exemplo 1000 grãos, permite comprovar as modificações no peso do produto durante o período de armazenagem.

A perda de peso em percentagem é calculada utilizando a equação seguinte:

[(a x d) - (c x b)] / [a x (d + b)] x 100 = perda de peso em %

a = peso dos grãos não danificados
b = quantidade de grãos não danificados
c = peso dos grãos danificados
d = quantidade de grãos danificados

As desavantagens do método de contagem e pesagem manifestam-se sobretudo:

· ao haver grandes diferenças no tamanho dos grãos

· no caso de uma infestação tão grande que toma impossível o recorhecimento e a contagem de grãos

· quando existe uma infestação não descoberta no interior do grão e quando os grãos são qualificados como "não danificados".

Outros métodos aplicáveis para a estimação de perdas durante a armazenagem: o método do peso de mil grãos (MPMG) e o método do peso volumétrico standard (MPVS) (veja-se secção 3.4).

3.2 Perdas qualitativas

As perdas qualitativas podem aparecer de diferentes maneiras:

· modificação da cor (p.ex. quando o arroz amarelece)
· modificação do cheiro
· modificação do sabor
· perda do valor nutritivo (degradação de proteinas e vitaminas)
· perdas qualitativas ao cozinhar, moer ou cozer no forno
· contaminação do produto armazenado com micotoxinas ou com agentes patogénicos
· perda da faculdade germinante das sementes

Muitas vezes ocorrem várias modificações qualitativas ao mesmo tempo, geralmente também em conexão com uma perda de peso, ou seja com uma perda quantitativa. As perdas qualitativas são bem mais difíceis na determinação que as perdas quantitativas, sendo que são mais difíceis no reconhecimento (p.ex. perda no valor nutritivo). Além disso, faltam em muitos países as normas de qualidade correspondentes e os consumidores reagem de maneira diferente as alterações na qualidade.

3.3 Origem das perdas

3.3.1 Danos mecánicos

Causas

- Métodos de colheita inadequados
- Transporte e carregamento inadequados (p.ex. utilização de ganchos)
- Manipulação, malhada, descascamento, limpeza, separação ou secagem inadequados

Consequências

- Perdas de peso
- Perdas qualitalivas (faculdade de germinação, valor nutritivo)
- Aumento da vulnerabilidade com respeito a infestações com pragas, fungos e roedores

Medidas preventivas

- Respeitar as temperaturas máximas durante a secagem
- Utilizar métodos de colheita, de transporte, de tratamento e de armazenagem que não danifiquem o produto
- Manipular os sacos com cuidado
- Reparar ou substituir sacos danificados
- Não utilizar ganchos para carregar sacos
- Reparar paletas (p.ex. ao haver pregos sobressalentes!)

3.3.2 Calor

Causas

- Estruturas inadequadas de armazenagem (lugar não apropriado, possibilidades de sombra e de arejamento insuficientes, falta de isolamento do calor)
- Proliferação das pragas e dos fungos que atacam os produtos armazenados
- Falta de arejamento no armazém
- Teor em humidade do grão muito elevada

Consequências

- Perdas de peso
- Perdas qualitativas (valor nutritivo, faculdade de germinação)
- Boas condições para o desenvolvimento de pragas
- Condensação e consequentemente, desenvolvimento de fungos

Medidas preventivas

- Construir estruturas de armazenagem adequadas (veja-se secção 5.1.1)
- Providenciar sombra para os armazéns ou os silos (p.ex. por meio de telheiros amplos ou sombrios)
- Reduzir a temperatura o mais possível (arejar o lugar de armazenagem)
- Tomar medidas para o combate das pragas
- Armazenar os sacos sobre paletas para amelhorar o arejamento
- Deixar espaços de 1 m entre as pilhas de sacos

3.3.3 Humidade

Causas

- Secagem insuficiente antes da armazenagem
- Erros de construção e danos no armazém (materiais inadequados, problemas de estanqueidade no chão, nas paredes e no tecto, buracos, gretas, etc.)
- Desequilíbrio na temperatura (p.ex. dia/noite) no armazém, favorecendo a condensação
- Armazenagem directamente sobre o chão ou contra as paredes
- Proliferação massiva de pragas

Consequências

- Perdas qualitativas
- Perdas de peso
- Desenvolvimento de fungos e formação de micotoxinas
- Boas condições para o desenvolvimento de pragas
- Inchação e germinação das sementes
- Danificação das estruturas do armazém

Medidas preventivas

- Secar suficientemente o produto antes da armazenagem
- Reparar e impermeabilizar o lugar de armazenagem
- Manter a humidade relativa ao nível mais baixo possível no armazém (controlar para isso o arejamento)
- Armazenar os sacos sobre paletas
- Deixar espaços de 1 m entre as pilhas de sacos
- Tomar medidas para o combate das pragas
- Evitar flutuações de temperatura (dia/noite) no armazém providenciando sombra e arejamento

3.3.4 Pragas

Causas da infestação

- Introdução por meio de lotes contaminados
- Infestação proveniente de lotes ou armazéns vizinhos
- Migração proveniente de restos ou de lixo
- Lugares escondidos nos armazéns (gretas, etc.)
- Utilização de sacos contaminados

Consequências

- Perdas de peso
- Perdas qualitativas (impurezas como p.ex. excrementos, casulos e partes de insectos, redução do valor nutritivo e da faculdade de germinação)
- Aumento da temperatura e da humidade

Medidas preventivas

- Efectuar a colheita a seu tempo
- Escolher variedades tolerantes
- Cuidar da limpeza dos meios de transporte
- Retirar espigas, panículas ou cascas antes da armazenagem
- Armazenar só produtos secos
- Evitar a introdução de pragas efectuando um controlo de infestações antes da armazenagem
- Limpar o armazém diariamente
- Manter ao nível mais baixo possível a temperatura e a humidade relativa (controlar o arejamento)
- Evitar a infiltração de pragas vedando o armazém (janelas, portas, dispositivos de arejamento; p.ex. utilizando gaza de protecção contra insectos)
- Reparar imediatamente os danos ocorridos no armazém
- Armazenar separadamente os lotes novos dos antigos
- Limpar com cuidado os sacos vazios e fumigar os mesmos, se for necessário
- Tomar medidas de combate das pragas
- Rotação dos stocks de produtos armazenados de acordo ao principio: 'o primeiro que entrou - sai primeiro''

3.3.5 Microrganismos

Causas da infestação

- Teor em humidade alta nos produtos armazenados
- Humidade relativa alta no armazém
- Condensação
- Humidade causada pelos insectos

Consequências

- Perda qualitativa (cheiro, sabor, cor, valor nutritivo, faculdade de germinação)
- Formação de micotoxinas
- Leve perda de peso (mofo)
- Aumento constante da temperatura e da humidade
- Aumento constante da condensação

Medidas preventivas

- Secar suficientemente o produto antes da armzenagem
- Manter ao nível mais baixo possível a humidade relativa no lugar de armazenagem (controlar o arejamento)
- Armazenar os sacos sobre paletas
- Deixar espaços de 1 m entre as pilhas de sacos
- Tomar medidas para o combate das pragas

3.3.6 Roedores

Causas da infestação

- Penetração por portas, janelas, aberturas de arejamento que não fecham bem ou por buracos
- Falta de barreiras
- Falta de higiene no armazém e nos arredores (esconderijos e lugares propícios para a propagação)

Consequências

- Perda de peso
- Perdas qualitativas importantes devido à contaminação do produto com excrementos e urina
- Contaminação, peste, etc.)
- Danos no material e nas instalações (sacos, portas, cabos eléctricos)

Medidas preventivas

- Evitar a entrada de roedores cuidando de vedar o armazém com dispositivos de protecção contra ratazanas e ratos
- Manter limpo o armazém e os arredores
- Colocar ratoeiras
- Tomar medidas para o combate dos roedores

3.3.7 Pássaros

Causas da infestação

- Portas, janelas, aberturas de arejamento ou tectos abertos ou danificados

Consequências

- Perdas de peso
- Sacos danificados
- Contaminação do produto armazenado com excrementos e agentes pato génicos

Medidas preventivas

- Armazéns com protecção contra a entrada de pássaros (efectuar as reparações necessárias, colocar grades ou redes)
- Retirar os ninhos dos pássaros granívoros do armazém e dos arredores

3.4 Referências literárias

ANÓNIMO (1985) Prevention of Post-Harvest Food Losses, FAO, Rome, 121 p.

BOXALL, R.A. (1986) A critical review of the methodology for assessing farrn-level grain losses after harvest, TDRI, Slough, 139 p.

HALL, D.W. (1970) Handling and Storage of Food Grains in Tropical and Subtropical Areas,
FAO, Rome, 350 p.

HARRTS, K.L. & C.J. LTNDBLAD (1978) Postharvest Grain Loss Assessment Methods, American Association of Cereal Chemists, St. Paul, Minnesota, 193 p.

PANTENTUS, C.U. (1988) Etat des pertes dans les systèmes de stockage du maïs au niveau des petites paysans de la région maritime du Togo, GTZ, Hamburg, 83 p.

PROCTOR, D.L. & J.G. ROWLEY (1983) The Thousand Grain Mass Method (TGM): A basis for better assessment of weight losses in stored grain, Tropical Stored Product Inforrnation 45, 19-23, TDRI, Slough

REED, C. (1986) Characteristics and limitations of methods to estimate losses in stored grain, Special Report No. 16, Kansas State University, Food and Feed Grain Institute, Manhattan, Kansas, 23 p.


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